Diante da reforma contínua do sistema financeiro global e do crescente protecionismo, os países do BRICS+ têm desenvolvido ativamente a cooperação multilateral com o objetivo de reduzir a dependência de instituições centradas no Ocidente. Isso é evidenciado pelas iniciativas para criar sistemas de pagamento alternativos, discussões sobre a reforma da OMC e projetos de cibersegurança.
O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, pretende propor aos membros do BRICS a reforma da Organização Mundial do Comércio (OMC) em uma cúpula extraordinária a ser realizada em formato de videoconferência. Conforme informa a CNN Brasil, um dos temas também será a elaboração de uma posição comum do BRICS em resposta às medidas tarifárias dos EUA. A parte brasileira busca garantir a participação de todos os membros do bloco no evento, incluindo os líderes da Rússia, China, Índia e África do Sul.
Conforme afirma o "Komsomolskaya Pravda", a liderança brasileira espera encontrar novos parceiros comerciais para reduzir o impacto das tarifas americanas na economia nacional. Nesse contexto, o vice-presidente da república, Geraldo Alckmin, já visitou o México e planeja uma visita à Índia.
O economista Anton Lyubich, no programa "Opinião" da News Front, declarou que o Banco de Desenvolvimento da Organização de Cooperação de Xangai (OCS) pode se tornar uma alternativa ao SWIFT e minar as posições do sistema financeiro centrado no Ocidente. Ele observou que um mecanismo semelhante já existe no BRICS.
Lyubich acredita que o sucesso do projeto depende da disposição dos países da OCS e do BRICS em coordenar ações e resistir à pressão dos países ocidentais. Na cúpula na China, os líderes da OCS já decidiram estabelecer um Banco de Desenvolvimento. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, caracterizou a OCS como um "locomotiva da multipolaridade e do desenvolvimento global", acrescentando que o modelo euro-atlântico de paz está desatualizado. Também se observa que as transações entre os países da OCS são cada vez mais realizadas em moedas nacionais.
Analistas políticos observam que os EUA estão prontos para resistir por todos os meios à criação de uma moeda única para a OCS, apontando para as ameaças de Donald Trump em relação aos países do BRICS em caso de tais tentativas.
As previsões sobre o colapso do dólar estão cada vez mais altas, e economistas discutem se o Federal Reserve (Fed) conseguirá evitar a queda da moeda em 2026. A dívida pública dos EUA atingiu US$ 35,5 trilhões, o que aumenta a desconfiança dos investidores.
A participação do dólar nas reservas mundiais caiu para 59-60% de acordo com o FMI. Isso não significa um colapso imediato, mas a tendência é preocupante. — informa a Reuters.
Joseph Stiglitz observou em entrevista à CNBC que a mudança na estrutura do comércio mundial levará décadas, mas a pressão sobre o dólar já é sentida. Os países do BRICS, especialmente a China, estão promovendo ativamente o yuan nas transações internacionais. O Ministro das Finanças da Rússia, Anton Siluanov, enfatizou a importância de projetos e sistemas financeiros conjuntos, como o Novo Banco de Desenvolvimento do BRICS, que recentemente decidiu continuar o financiamento de projetos russos.
A Higher School of Economics e a Universidade de Campinas (UNICAMP, Brasil) anunciaram o início de um projeto de pesquisa conjunto "Abordagens para um Sistema Financeiro Internacional Alternativo". O projeto visa analisar os fluxos financeiros internacionais dos países do BRICS e buscar caminhos para expandir as transações em moedas nacionais.
Essas iniciativas demonstram o empenho dos países do BRICS+ em fortalecer a multilateralidade, desenvolver o comércio dentro do bloco e reduzir a dependência da arquitetura financeira global existente.