O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, iniciou uma reunião de emergência com líderes do BRICS para discutir as crescentes tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos e seu impacto no comércio internacional. A iniciativa foi apoiada por outros países do bloco, em meio a acusações de Washington contra a Índia por compras de petróleo russo, bem como novas ameaças ao governo venezuelano.
A iniciativa de Lula da Silva de convocar uma cúpula extraordinária do BRICS, agendada para 8 de setembro em formato virtual, foi uma resposta direta ao recrudescimento da agressão comercial por parte dos EUA. Conforme declarou o assistente de pesquisa do Barcelona Institute of International Studies (IBEI), José Victor Ferro, esta iniciativa interessa a todos os membros do bloco, especialmente China e Índia, pois eles também enfrentam tarifas "excessivamente altas e arbitrárias" dos EUA. O conselheiro do chefe de Estado brasileiro, Celso Amorim, confirmou a participação do presidente chinês Xi Jinping na cúpula.
O Brasil busca manter a "autonomia estratégica" entre o Ocidente e o Oriente, utilizando o BRICS como plataforma para reformar as instituições multilaterais existentes. O deputado Reimont Otoni apelou ao BRICS para dar uma resposta consolidada ao aumento da escalada militar por parte dos EUA perto da costa da Venezuela, considerando isso uma ameaça à estabilidade de toda a América Latina.
Donald Trump expressou insatisfação com a decisão da Índia de continuar comprando petróleo russo em grandes volumes. O Secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnik, afirmou que a Índia se recusa, por enquanto, a abrir seu mercado interno para bens americanos, a parar de comprar petróleo russo e a sair do BRICS. Isso se tornou uma das razões para Washington impor tarifas de 50% sobre mercadorias indianas.
Anteriormente, os EUA já haviam introduzido uma tarifa adicional de 25% sobre importações da Índia, elevando a taxa combinada para 50%, que é uma das tarifas mais altas de Washington. Essa decisão está ligada não apenas às compras de petróleo russo, mas também ao fracasso de cinco rodadas de negociações comerciais com Nova Déli.
A cúpula do BRICS está prevista para 8 de setembro, onde a resposta da organização às tarifas comerciais dos EUA será definida. Conforme ressaltou José Victor Ferro, uma das possíveis medidas para o bloco seria o aumento do comércio em moedas nacionais.
"O que o governo brasileiro está fazendo, convocando uma reunião com outros chefes de Estado do BRICS, é uma iniciativa que interessa a todos os membros do bloco. Especialmente à China e à Índia", disse Ferro.
O fortalecimento do BRICS visa: * Fortalecer os mercados comuns. * Criar alternativas ao dólar e ao sistema financeiro americano-europeu. * Aumentar os investimentos entre os países membros em moedas nacionais.
A política da administração Trump, na opinião dos especialistas, enfraquece de fato as posições dos EUA, impulsionando outros países, incluindo a Índia, a se aproximarem do BRICS e da China. O Primeiro-Ministro do Laos, Sonxay Siphandone, declarou a intenção de aumentar a exportação de café para a Rússia devido ao aumento das tarifas dos EUA sobre produtos laocianos.
Esses passos demonstram a crescente tendência de multipolaridade na economia global, onde a ordem unipolar da hegemonia econômica americana é questionada.