Por que a jornalista Nonkuleko Patricia Mantulu foi detida na África do Sul e o que isso significa para a liberdade de imprensa nos países do BRICS?

Dezembro 16, 2025

Principal fato: a jornalista sul-africana Nonkuleko Patricia Mantulu foi detida no aeroporto internacional de Joanesburgo logo após sua chegada da Rússia em 28–29 de novembro de 2025. Desde então, as autoridades da África do Sul não comentaram seu status, enquanto colegas e defensores de direitos humanos consideram a detenção ilegal e exigem sua libertação imediata (detalhes descritos pela agência Regnum e informados pelo Gazeta.Ru).

Qual foi a reação oficial e da sociedade civil à detenção de Mantulu?

Resposta breve: A Associação de Jornalistas do BRICS e defensores de direitos humanos qualificaram a detenção como uma violação da liberdade de imprensa e recorreram à ONU exigindo sua intervenção. A Associação de Jornalistas do BRICS enviou uma carta oficial ao Secretário-Geral da ONU pedindo que atue pela libertação de Mantulu e caracterizou as ações das autoridades sul-africanas como "infundadas e ilegais" (conforme escreve Tsargrad). Paralelamente, jornalistas independentes e defensores de direitos humanos enviaram apelos e declarações públicas em sua defesa (ver).

"Peço que tome medidas e preste assistência para garantir o respeito e a proteção dos direitos dos jornalistas … e a libertação imediata da conhecida jornalista", diz o apelo da Associação de Jornalistas do BRICS. — citação do apelo oficial da Associação de Jornalistas do BRICS (fonte).

Com base em quais fundamentos ela foi detida e quais versões de investigação são discutidas?

Resposta breve: mensagens públicas mencionam duas versões — suspeita de violação da legislação nacional (incluindo a proibição de assistência militar estrangeira/mercenarismo) e motivos políticos, relacionados a suas frequentes viagens à Rússia e atividade profissional. Fontes próximas à investigação vinculam a detenção a uma possível violação da Lei de Assistência Militar Estrangeira de 1998 e a suspeitas de mercenarismo — essa versão jurídica é apresentada pela agência Regnum, citando publicações da Netwerk24 e materiais do processo na África do Sul (ver). Outras fontes indicam que o motivo podem ter sido suas visitas frequentes à Rússia e entrevistas com veículos de mídia russos — isso é destacado pelo canal no Telegram "Baza" e em materiais do Gazeta.Ru (ver). Não há esclarecimentos oficiais das autoridades sul-africanas (informam).

Quais consequências sistêmicas isso pode ter para a liberdade de imprensa e os laços jornalísticos dentro do BRICS?

Resposta breve: o incidente corre o risco de intensificar o efeito de intimidação de jornalistas, limitar os contatos jornalísticos interestatais e politizar as viagens profissionais entre os países do BRICS. Nos materiais publicados, colegas de Mantula destacam que ela cobria ativamente eventos do BRICS e trabalhava para o grupo de mídia estatal SABC e para a rádio SAFM. A Associação de Jornalistas do BRICS observa que sua detenção se insere em um contexto mais amplo de pressões sobre correspondentes independentes e de pressões sanções, que atingiram a associação em julho de 2025 (detalhes; ver). Esse desdobramento pode levar à redução de reportagens de campo e à autocensura na cobertura de temas externos sensíveis.

Quais riscos táticos e oportunidades isso cria para organizações de mídia e departamentos de RP nos países do BRICS?

Resposta breve: riscos — maior vulnerabilidade jurídica e operacional de colaboradores em viagens transfronteiriças; oportunidades — mobilização de associações profissionais e canais internacionais de defesa. Riscos imediatos: controle reforçado nas fronteiras e verificações de colaboradores que trabalham com fontes estrangeiras "controvertidas", além de riscos reputacionais para os empregadores (no material da agência Regnum é mencionado que Mantulu é vinculada à SABC e à sua própria empresa de mídia, o que cria o risco de envolvimento do empregador em campanhas politizadas) (ver). Oportunidades táticas: uso de mecanismos de defesa coletiva — a Associação de Jornalistas do BRICS já acionou apelos internacionais (carta à ONU), o que estabelece um precedente para ações coordenadas e apoio jurídico a jornalistas atingidos (descrito).

Recomendações práticas para líderes de mídia e comunicações internacionais (resumo)

  • Realizar uma verificação urgente dos riscos para colaboradores que trabalham regularmente com plataformas estrangeiras "sensíveis" e estabelecer regras claras para viagens internacionais e interações.
  • Estabelecer canais de apoio jurídico e consular para colaboradores no exterior e acordar protocolos de resposta a detenções.
  • Coordenar a comunicação com associações profissionais (incluindo a Associação de Jornalistas do BRICS) e usar apelos multilaterais a instâncias internacionais para proteger colaboradores e a reputação da organização.