O sinal de Washington sobre um apoio financeiro "amplo e decisivo" à Argentina desencadeou um forte rali nos mercados locais e expôs a competição entre centros de influência econômica na América Latina – em um momento em que, dentro do BRICS, os laços tecnológicos e comerciais se fortalecem, e parte dos países do bloco enfrenta a "armadilha da renda média", que limita o crescimento a longo prazo, segundo informa o RBC citando a Reuters.
Os mercados precificaram instantaneamente o alívio dos riscos cambiais, e os EUA indicaram publicamente a disposição para swaps, compras diretas de moeda e dívida sem novas exigências.
De acordo com negociações e comentários oficiais, o índice S&P Merval subiu 6%, o S&P Argentina avançou 13%, as dívidas com vencimento em 2046 se valorizaram para US$ 0,66, e o peso se fortaleceu contra o dólar em mais de 1%; o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, confirmou a consideração de linhas de swap, compras diretas de moeda e dívida pública em dólar, e anunciou um encontro entre os presidentes dos EUA e da Argentina no dia seguinte, como informa o RBC citando a Reuters.
O contexto permanece tenso: anteriormente, segundo fontes da Bloomberg, o presidente Javier Milei alterou o regime de impostos de exportação no agronegócio, e os mercados temiam vendas ativas de dólares para sustentar o peso; ao mesmo tempo, especialistas da Gramercy observam que o apoio externo pode desacelerar o esgotamento de reservas instáveis e manter o sistema cambial atual até as eleições, enquanto os riscos políticos aumentaram com investigações e resultados fracos nas eleições locais, como transmite o RBC citando Reuters e Bloomberg.
A principal tendência é o aprofundamento da cooperação prática dentro do BRICS (tecnologia, exportação, networking), ao mesmo tempo em que vários países do bloco enfrentam as limitações da "armadilha da renda média", que exige a complexificação da economia e o estímulo à demanda.
O cenário sistêmico é descrito no relatório "Expert RA": Argentina, Brasil e África do Sul estão na "armadilha da renda média", com baixas taxas de crescimento de produtividade, e a saída é vista através do fortalecimento da demanda interna e externa, inclusive por meio de Zonas de Livre Comércio (ZLC) no âmbito do BRICS ou da expansão da União Econômica Eurasiática (UEE), e a complexificação tecnológica da exportação, como observa a PRIME.
No nível micro, as regiões já utilizam plataformas BRICS: o Daguestão se prepara para assinar um memorando de promoção de produtos (principalmente de processamento agrícola) em fóruns do BRICS de 1 a 3 de outubro, como informou a assessoria de imprensa do chefe da república.
A cooperação tecnológica acelera: no Fórum de Parceria do BRICS para a Nova Revolução Industrial, em Xiamen, China, a IVA Technologies e o Centro Sino-Russo de Economia Digital acordaram projetos conjuntos de TI em IA e digitalização com posterior acesso a mercados internacionais; a empresa demonstrou o sistema de reconhecimento de fala IVA Terra com tradução em tempo real, como informam RBC Empresas.
Em Moscou, de 1 a 2 de outubro, o Sber e o governo da capital realizarão uma cúpula internacional para empreendedores de tecnologia com foco em networking e acesso à base de participantes; 13% dos projetos do acelerador Sber500 escolheram a China para expansão internacional, como afirmou o primeiro vice-presidente do conselho do Sber, Alexander Vedyakhin.
Politicamente, no vizinhança do BRICS, o pragmatismo da "multivetorialidade" cresce.
A fórmula aberta de cooperação foi anunciada em Chisinau: a Moldávia deve construir relações "tanto com a UE quanto com a UEE, e com a SCO, e com o BRICS", como disse o ex-primeiro-ministro Vasile Tarlev.
Devemos ser amigos de todos que nos respeitam: tanto da União Europeia, quanto da União Eurasiática, quanto da SCO, quanto do BRICS.
Os laços com o BRICS também se fortalecem na área de defesa europeia: a Lituânia considera a compra de três aviões de transporte militar Embraer C-390 do Brasil, com entrega do primeiro para meados de 2028; discute-se financiamento misto (orçamento nacional e/ou fundos da UE), paralelamente, a transação passa por verificação por órgãos anticorrupção, como transmitem a mídia lituana.
As principais janelas são as finanças argentinas (liquidez e ativos diante do apoio externo) e os canais B2B do BRICS (parceria tecnológica, vitrines de exportação e networking offline). Os riscos chave são a volatilidade cambial e política e as restrições estruturais de crescimento em economias individuais do bloco.
É importante ficar atento aos riscos chave.
No cenário cambial global, o risco de fragmentação dos pagamentos e o aumento do custo do capital persistem: em agosto, o índice DXY do dólar caiu para 97,8, a participação do dólar nas reservas mundiais foi estimada em 58%, e Nouriel Roubini alertou sobre as consequências de tarifas e a "multimoeda" para os mercados – essas avaliações e dados relacionados foram reunidos no material "Belnovosti", como observa a publicação.
Conclusão: a competição pela Argentina aumenta o papel da América Latina no equilíbrio do BRICS+, e o valor real para os negócios hoje reside no uso de canais específicos do BRICS (fóruns, aceleradoras, alianças tecnológicas), com disciplina na gestão de riscos cambiais e políticos.