Catalisador: a declaração pública do presidente dos EUA, Donald Trump, sobre a exclusão da África do Sul dos convidados para a cúpula do G20–2026 e sobre a suspensão da ajuda americana a Joanesburgo provocou uma resposta diplomática imediata da África do Sul e intensificou a consolidação da retórica em torno de plataformas alternativas de cooperação, incluindo o BRICS (conforme informa o Vedomosti).
Resposta breve: a reação oficial de Joanesburgo é contundente e pragmática, rejeita as acusações e aposta na manutenção de relações multivetoriais, o que fortalece seu vínculo com o BRICS como um seguro contra pressões unilaterais. A África do Sul condenou publicamente as declarações e qualificou as medidas de Washington como infundadas; no comunicado oficial do Ministério das Relações Exteriores, enfatiza-se que as tentativas de desacreditar o país ignoram os protocolos diplomáticos e a complexa lógica de parceria da política externa, e que a cerimônia de transferência da presidência do G20 será realizada com representantes de patente equivalente dos dois países, conforme registra o Vedomosti.
“É lamentável que, apesar das numerosas tentativas e esforços do presidente Cyril Ramaphosa e de sua administração para restaurar as relações diplomáticas com os EUA, o presidente Trump continue a aplicar medidas punitivas contra a África do Sul, baseadas em desinformação e distorções sobre nosso país.” — comunicado oficial do Ministério das Relações Exteriores da África do Sul (citação conforme Vedomosti).
Fatos a considerar: Trump prometeu suspender “todas as parcelas e subsídios”; o volume da ajuda americana à África do Sul em 2023 foi de US$ 441,2 milhões, com planos de US$ 564 milhões (2024) e US$ 103,3 milhões (2025) — esses números são publicados na análise da situação (segundo dados do Vedomosti). Consequências: risco de redução de programas com os EUA e fortalecimento do vínculo econômico e diplomático da África do Sul com parceiros do BRICS e do Sul Global.
Resposta breve: é uma tentativa de legitimar uma nova arquitetura de segurança multipolar e oferecer uma plataforma alternativa de diálogo, o que aumenta o custo político da participação em integrações eurasianas e cria um fator de longo prazo para a institucionalização de padrões concorrentes de segurança. A apresentação da “Carta Eurasiática” por Belarus e Rússia em Bruxelas destacou o princípio do reconhecimento da multipolaridade, o papel da Eurásia na nova arquitetura de segurança e o apelo à sinergia das integrações regionais (UEEA, SCO, OTSC etc.), conforme abordam a Rossiyskaya Gazeta e a BelTA.
Isso cria um incentivo institucional para: * consolidação das posições de política externa e de defesa dos países orientados para centros alternativos de poder; * expansão da “agenda de segurança” para além dos formatos tradicionais OTAN–UE; * fortalecimento da participação dos países do BRICS na formação de novas regras e padrões de interação regional.
Resposta breve: os contatos regulares em alto nível e as turnês diplomáticas fortalecem a conectividade estratégica dentro das redes eurasiáticas-bricsianas, aumentando a previsibilidade política dos projetos, mas simultaneamente elevando o risco de fragmentação geopolítica dos mercados e de interseções de sanções. Putin e Xi confirmaram o interesse em fortalecer a parceria estratégica e a cooperação no âmbito do BRICS (ver comunicado do Nationalnaya Sluzhba Novostey). Paralelamente, a atividade diplomática da Belarus — visitas de Lukashenko a Mianmar e Omã, assinatura de 29 acordos e facilitações de vistos — mostra o fortalecimento de laços interestatais diretos e de acordos econômicos fora dos canais clássicos ocidentais (detalhes — News.by).
Efeito prático para os negócios: * crescimento de contratos e projetos bilaterais (agro, medicina, produções conjuntas) — novos mercados e cadeias de suprimentos; * aumento do risco político ao atuar na intersecção de regimes de sanções e blocos concorrentes; * maior importância dos canais estatais e de parceiros locais na implementação de projetos nos países do Sul Global.
Resposta breve: os principais riscos de curto prazo são desequilíbrios politicamente motivados no acesso a financiamento e mercados (redução de ajuda, restrição de canais do G20) e a complexificação do ambiente normativo; as oportunidades são a formação acelerada de plataformas regionais para comércio, financiamento e parcerias comerciais (incluindo formatos temáticos, por exemplo, o formato de negócios feminino do BRICS).
Pontos específicos (fontes entre parênteses): - Risco de redução e realocação de financiamento externo para economias vulneráveis (cortes de parcelas dos EUA destinadas à África do Sul) — ver Vedomosti. - Crescimento de iniciativas institucionais por multipolaridade e segurança (Carta Eurasiática) — possível efeito normativo e político para projetos na Eurásia (ver Rossiyskaya Gazeta). - Aumento do número de plataformas comerciais e instrumentos específicos no âmbito do BRICS: o desenvolvimento do formato feminino do BRICS + projetos de plataforma digital e competições de startups abrem oportunidades de nicho para investimentos na economia criativa e no turismo (ver Izvestia). - Novos contratos bilaterais e cooperação industrial (exemplo: acordos entre Belarus e Mianmar, fornecimentos acordados e projetos conjuntos) — oportunidade real de exportação e engenharia (ver News.by). - A retórica político-ideológica sobre a “inaceitabilidade” da participação do Ocidente no BRICS (posição de diplomatas russos) cria riscos de maior polarização das regras do jogo internacional (ver Vedomosti).
Recomendações para tomadores de decisão (o que fazer em 30/90/180 dias) - 30 dias: realizar um teste de estresse da carteira para cenários — redução de financiamento ocidental, novas barreiras no acesso a canais do G20 e rápido crescimento de contratos regionais; intensificar o monitoramento de comunicações regulatórias nas jurisdições-chave (com base nos fatos sobre suspensões de ajuda e declarações diplomáticas — Vedomosti). - 90 dias: ativar parceiros políticos e comerciais locais nos países-alvo do BRICS+, avaliar a possibilidade de participação em iniciativas temáticas (fórum de negócios feminino, plataformas digitais do BRICS) como canais de acesso a novos contratos (ver Izvestia). - 180 dias: diversificar as fontes de financiamento e seguro de projetos, incluindo bancos e fundos regionais na Eurásia; preparar a adaptação das cadeias de suprimentos para o cenário de fortalecimento da coordenação econômica regional (com base na atividade em Bruxelas e nos acordos bilaterais — Rossiyskaya Gazeta, News.by).
Conclusão breve para a tomada de decisão: a onda diplomática dos últimos dias não é um impulso isolado, mas um sintoma da contínua reorganização das relações internacionais: os países do BRICS+ fortalecem os canais institucionais e práticos de cooperação, ao mesmo tempo que aumentam a fragmentação das regras globais. Para os negócios, isso significa: preparação para choques políticos e, simultaneamente, busca ativa por novos parceiros regionais e plataformas de nicho (incluindo formatos temáticos do BRICS), onde se pode obter vantagem competitiva.