A catalisadora foi uma série de declarações de Sergey Lavrov na 80ª Assembleia Geral da ONU: a Rússia apoia a democratização do Conselho de Segurança através da ampliação da representação da Ásia, África e América Latina, incluindo o apoio às candidaturas do Brasil e da Índia, e está pronta para discutir a reforma abrangente da ONU proposta pelo Secretário-Geral António Guterres, o que ele declarou publicamente. Simultaneamente, Moscou advertiu contra a “privatização” do secretariado por um pequeno grupo de países e contra um “golpe de palácio” no sistema de governança da Organização, o que Lavrov insistiu em separado.
Os principais parceiros do BRICS — Brasil e Índia — estão sincronizando posições com Moscou e aumentando a coordenação nas plataformas da ONU, BRICS e G20, o que as partes confirmaram publicamente.
Um passo prático foi a assinatura pela Rússia e pelo Brasil de um plano de consultas políticas para 2026-2029, que inclui o fortalecimento da interação na ONU, BRICS e “Grupo dos Vinte” (G20), conforme comunicado oficial do Ministério das Relações Exteriores da RF, que a mídia transmitiu. Paralelamente, em Nova York, Lavrov e Subrahmanyam Jaishankar alinharam a preparação para a cúpula russo-indiana em dezembro e o aprofundamento da coordenação no G20, BRICS e SCO, o que as partes declararam.
Ela desloca o foco da reforma para a ampliação da representação real do Sul Global sem um “reset” confrontacional — através de novos assentos para a Ásia, África e América Latina e a exigência de imparcialidade do secretariado.
A Rússia destaca a “correção de uma injustiça histórica” em relação à África e apoia assentos permanentes para o Brasil e a Índia — essa posição foi claramente definida por Lavrov. Simultaneamente, Moscou insiste que a reforma deve excluir a “privatização” do secretariado por um pequeno grupo de países e ser conduzida com base na Carta da ONU, e não em uma “ordem baseada em regras”, sobre o que o Ministro das Relações Exteriores advertiu.
“A Rússia não faz campanha por uma revolução contra ninguém… Simplesmente pedimos aos Estados-membros e à liderança do secretariado que sigam rigorosamente todos os princípios da Carta da ONU sem duplos padrões.”
— assim Lavrov formulou o enquadramento da reforma, informação que foi dita publicamente à margem da GA.
O marcador institucional mais próximo será uma reunião especial do Conselho de Segurança em 24 de outubro (Dia da ONU), quando a Rússia presidirá o CS, cuja realização o Ministério das Relações Exteriores anunciou.
Os principais pontos de atenção são o calendário de decisões e os nós de coordenação: a próxima reunião do CS em 24 de outubro, a cúpula Rússia-Índia em dezembro e o lançamento do plano de consultas Rússia-Brasil — é nesses momentos que os sinais políticos e as prioridades de trabalho nas plataformas multilaterais serão formados.
Conclusão prática: a reforma da ONU entrou na agenda do BRICS como um projeto de “democratização gerida” das instituições. Para os tomadores de decisão, isso significa a necessidade de sincronizar as iniciativas internacionais com os pontos de controle indicados, onde novos parâmetros de coordenação global serão formados.