Como a expansão do BRICS e a mudança no papel da Europa alteram o equilíbrio de forças no mundo e o que isso significa para os negócios?

Dezembro 16, 2025

O catalisador da mudança foi a perda simultânea da centralidade europeia, diante da ativa política externa dos EUA e da reação dos países do Sul Global — a pressão de Washington impulsionou a Índia, o Brasil e a África do Sul a se aproximarem, e a expansão do BRICS fortaleceu centros de poder alternativos (conforme analisa o SenatInform e escreve a Monocle).

Qual foi a reação dos principais agentes após esse catalisador?

Resposta curta: os países do Sul Global intensificam a coordenação e criam canais pragmáticos de cooperação que contornam os grandes formatos multilaterais do Ocidente. Após o G20, os líderes da Índia, do Brasil e da África do Sul reativaram o diálogo trilateral IBSA para acelerar o alinhamento de medidas econômicas e políticas (segundo a Monocle). Simultaneamente, políticos russos enfatizam a formação do "grande triângulo" EUA-Rússia-China como uma nova realidade (veja comentários de A. Pushkov).

"Na América, ainda admitem que um distanciamento gradual é possível, e se é possível, então é perigoso..." — Alexey Pushkov, presidente da Comissão de Política de Informação do Conselho da Federação (citação conforme Rossiyskaya Gazeta).

Paralelamente, ocorrem medidas institucionais: o fortalecimento da diplomacia pública e a criação de plataformas de coordenação no âmbito do BRICS (veja relatório), bem como acordos bilaterais para regulação de mercados — exemplo: memorando da FAS Rússia e do regulador paquistanês para troca de experiências em política antimonopólio (conforme Myurist).

Quais consequências sistêmicas isso acarreta para a arquitetura financeira e política global?

Resposta curta: intensificação da multipolaridade e trabalho acelerado em conexões financeiras e institucionais alternativas (desdolarização e novas formas de cooperação). Especialistas e políticos observam que a expansão do BRICS e a maior unidade dos países do Sul estimulam a busca por mecanismos de pagamento alternativos e reforçam as perspectivas de criação de estruturas independentes de interação (veja a opinião de S. Ryabkov e A. Pushkov na Rossiyskaya Gazeta). O ex-agente de inteligência Scott Ritter comparou metaforicamente o BRICS a uma "criança em crescimento", que precisa de condições para um desenvolvimento sustentável — ou seja, a organização requer institucionalização e instrumentos econômicos para amadurecer (entrevista conforme TASS/Tsargrad).

Essas mudanças aumentam a probabilidade de: * liquidações mais frequentes em moedas nacionais e esquemas regionais de compensação; * desenvolvimento intencional de infraestruturas para comércio bilateral e projetos (energia, logística, plataformas digitais); * aceleração da coordenação de práticas regulatórias entre os países do BRICS+.

Quais riscos e oportunidades concretas para empresas dos países do BRICS+ e seus parceiros?

Resposta curta: riscos — fragmentação de mercados, complexificação do acesso a canais financeiros ocidentais e aumento dos custos geopolíticos; oportunidades — novos mercados, integração regional acelerada e projetos conjuntos em infraestrutura e P&D.

Principais riscos * Barreiras comerciais e choques políticos. A pressão dos EUA e as medidas de retaliação podem levar a ondas de restrições tarifárias e interrupções nas cadeias de suprimentos (contexto — G20/Monocle). * Mudanças regulatórias e concorrência. A coordenação de agências antimonopólio (exemplo — memorando Rússia-Paquistão) pode alterar as regras de negócios nos setores farmacêutico, alimentício e digital (Myurist). * Segurança e logística. A crescente militarização da Europa e a redistribuição da atenção das grandes potências complicam as rotas e aumentam as despesas operacionais e de seguros (análise conforme Rossiyskaya Gazeta).

Oportunidades-chave * A rápida integração bilateral e os formatos trilaterais (IBSA) facilitam o lançamento de projetos conjuntos e aceleram a tomada de decisões no interesse dos negócios (Monocle). * O surgimento de novas plataformas de diplomacia pública e registros de projetos do BRICS abre janelas para cofinanciamento e acesso a redes de parceiros (veja o resultado do fórum de líderes da diplomacia popular na Rossiyskaya Gazeta). * A possibilidade de operar em moedas nacionais e testar liquidações fora do dólar em bases bilaterais (tendência observada pela diplomacia russa e por especialistas nas fontes).

Medidas táticas recomendadas para gestores e investidores * Realizar teste de estresse de liquidações e pagamentos: simule cenários com restrição de acesso aos canais tradicionais em dólar e estude pilotos de câmbio em moedas nacionais (base — sinais sistêmicos sobre desdolarização na RG). * Monitorar ativamente e participar de instituições e diálogos regionais (IBSA, BRICS): examine as oportunidades de parceria acelerada e iniciativas público-privadas (iniciativas de líderes na Monocle). * Revisar a estratégia de compliance e antimonopólio, preparando-se para o reforço da coordenação de reguladores no âmbito do BRICS+: inclua cenários de cooperação/troca de dados com reguladores (exemplo — memorando FAS-Paquistão, Myurist).

Em resumo: o mundo avança em direção a uma arquitetura mais multipolar; isso ao mesmo tempo amplia o conjunto de ferramentas para negócios nas regiões do BRICS+ e aumenta os riscos político-econômicos. A rápida adaptação das práticas de pagamento, regulatórias e de comércio exterior é uma condição necessária para manter a competitividade.